Nas Entrelinhas... #2



“Pra que pensar no amanhã?
Se a vida logo vira anciã
Nossa história é só um segundo
Cantemos até o fim do mundo”

  Tinha gosto de sal e cheiro de flores...o céu estava claro, apenas uma pequena nuvem cinzenta à espreita e a dor, ah a dor.


  Era 9h30 de uma sexta-feira, o telefone tocou, minha tia dizendo que precisava falar com papai, fiquei de tentar avisá-lo, ele estava trabalhando em outra cidade, o celular não pegava, mamãe ficou de falar com ele, voltei a dormir.

  11h30 o telefone tocou de novo, acordei, minha tia novamente dessa vez com a notícia, ela havia partido, vovó havia acabado de falecer. Se tem uma coisa que aprendi com isso é que a gente nunca está preparado para um baque desses, mesmo que a pessoa esteja doente há um bom tempo e que você saiba que uma hora ou outra ela irá partir é sempre um golpe duro.

  Respirei fundo, liguei para mamãe, dei a notícia, estava sozinha em casa, entrei em desespero, chorei, chorei de soluçar, deitada na cama sem saber o que fazer, eu só tinha certeza de uma coisa, doía e muito. Meu coração havia se partido, sem chances de conserto.

  O dia foi como um borrão, que horas liberaríam o corpo? E o velório começaria em que horário? Fulano foi avisado?...tanta coisa pra pensar e a única coisa que eu conseguia pensar era: Eu nunca mais a verei, ela se foi...para sempre. O dia passou e chegou a noite, o velório começaria as 19h30, vê-la daquela forma, imóvel foi terrível, só nos restava chorar e cumprir nosso papel de família.

  Eu não dormi aquela noite, rolei na cama de um lado para o outro, acordei cedo e lá fomos nós de novo, o enterro seria há 13h30, era a última chance de se despedir...este dia também passou como um borrão, tanta gente indo e vindo, entrando, se despedindo e então indo embora, amigos, conhecidos, e gente que eu nunca vi na vida...Olhei para o relógio estava quase na hora, eu precisava fazer aquilo, não podia deixar que a levassem sem um último beijo de adeus, tomei coragem, era estranho ela estava lá tão dura e fria, mas eu fui e superei meus limites, eu precisei, ou então carregaria essa culpa para o resto da vida. Eu chorei mais, muito mais, deixei as lágrimas levarem toda a dor, a angústia...

  Eu comprei flores, amarelas. Ela gostava de amarelo, carreguei-as por todo o trajeto, segurei-as enquanto baixavam seu caixão, e depois depositei as flores lá no túmulo, junto com tantas outras. Uma vida havia terminado, mas olhei em volta e vi tantas outras que estavam apenas começando, de certa forma consola. Eu só sei que ela cumpriu sua missão nesse mundo de ilusões, o que ela devia ter feito nessa terra ela fez da melhor forma que pode, deixou saudades, muitas saudades e corações machucados, perder algum nunca é fácil, nem nunca será.

  Já faz 2 meses, e eu ainda penso nela, às vezes vem aquele nó na garganta, aquele aperto no peito e o coração chora tamanha a saudade, ah se eu pudesse reviver um daqueles dias bons que hoje, não passam de lembranças... Eu te amo vovó e sim, eu sinto sua falta <3









Virginiana. Bookaholic. Grifinoria. Narniana. Esmaltólotra. Chocólotra. Desastrada. Teimosa. Preguiçosa. Futura Arquivista. Sonhadora. Irônica da língua bem afiada. Em sua cabeça cria as mais inusitadas história e situações.  Twitter| Facebook| Skoob

1 comentários:

Rose disse...

Meu Deus, eu sei o que é passar por isso, minha vozinha faleceu a cinco anos, e mesmo doente, nos ficamos muito triste, eu sinto a falta dela até hoje. Com o tempo, a dor vira saudade, e aquela pontadinha que fica penicando no coração sabe? Mais a falta é para sempre.

 
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